A maturidade é um elemento base e define outras áreas, pois diz respeito a como lidamos com a vida, com a nossa existência e com cada fato que ocorre.
Podemos definir a maturidade como resultado das nossas experiências vivenciadas em um contexto existencial temporalmente.
Ao longo da vida vamos vivendo situações nas quais vamos aprendendo e amadurecendo a partir de cada erro e cada acerto que perpassa o contexto existencial em que estamos inseridos. A maturidade não acontece em um processo único, acontece a partir das nossas vivências, a partir daquilo que vai acontecendo conosco e esse é o caminho da construção da maturidade.
Por que alguns conseguem amadurecer e outros não?
Como as pessoas têm graus diferentes de maturidade, quer dizer que não existe um desenvolvimento linear, não é nada inato. É um processo de aprendizado onde a atitude, como nos posicionamos, leva-nos até a maturidade desejada.
Percebemos na pessoa madura uma autoconfiança, um modo pleno de viver, uma atenção no que realmente importa e uma resposta adequada para as contingências da vida. É aquela pessoa que queremos como referência. E ela transmite isso para quem está ao redor, o que faz com que queiramos estar com essa pessoa, já que percebemos nela uma inteligência emocional.
O que é inteligência emocional?
É a consciência relacionada às suas próprias emoções. A pessoa com maturidade sabe como lidar com suas emoções, ela dimensiona suas emoções e não passa do ponto. A pessoa com maturidade tem objetivo, ela não fica enrolando, não fica com pensamentos muito soltos, ela tenta encaixar e solucionar os problemas.
Conforme vamos vivendo, vamos produzindo sentido e existem variáveis infinitas com as quais lidamos ao longo da vida, desde o nascimento até nosso último suspiro. Se o processamento está funcionando bem, a grande questão agora é como alimentamos o cérebro, quais são as informações, nossos modos de pensar, nossos valores morais, éticos e como lidamos com tudo isso.
Um jeito fácil de entendermos é pensarmos em Jean Piaget e Lawrence Kohlberg que trouxeram a ideia de níveis de moralidade determinantes para a formação da maturidade.
Começamos com a anomia, a dependência, nós nascemos dependentes. Nascemos precisando que o mundo ao nosso redor, nossa coexistência, ajude-nos a existir. O primeiro núcleo da nossa existência é a família e é onde começamos a formar nossos padrões de pensamento, nossas crenças, nossos valores. Nesse estágio da anomia as regras sociais que convivemos dependem da autoridade. A criança aceita de forma incondicional aquilo que é apresentado, ela obedece para evitar os possíveis castigos ou ganhar possíveis recompensas. O começo do processo da maturidade, é um processo de dependência onde as regras são definidoras, é o que determina como essa pessoa vai se colocar ao longo da vida.
Como saímos da dependência e chegamos até a independência?
Esse processo intermediário chama-se heteronomia, ou seja, a construção das nossas formas de lidar, das nossas crenças, em direção a total independência e a maturidade desejada. Entendemos as regras, mas reconhecemos a necessidade de lidar bem com os outros e de encontrar boas soluções. Então, já começamos a nos perceber dentro de um contexto existencial e assim vamos lidando da melhor forma que podemos até atingirmos um grau de maturidade dentro de uma comunidade com erros e acertos e vamos conseguindo dar boas respostas para isso. Na heteronomia é onde passamos a maior parte da vida.
A fase final desse processo é a autonomia, a pessoa autônoma consegue dar conta de sua própria existência, é o contrário da pessoa dependente, ela encontrou um estágio de liberdade emocional em que não depende do comportamento dos outros para cuidar das próprias emoções. Ela tem autoconhecimento, autorregramento e consegue se dimensionar na sua própria vida.
Todos nós em alguma área da vida, seremos imaturos, não conseguimos dar conta de tudo. Há pessoas que são muito maduras em uma área, mas em outras áreas elas têm dificuldades. Ou seja, em cada área da vida temos graus de maturidade diferentes também. É bem complexo, não é simples desenvolver a maturidade. É um processo lento que vale a pena ir construindo.
Como é uma pessoa madura?
É uma pessoa normalmente educada, com prudência, com humildade, com discernimento com boas reflexões, é uma pessoa honesta, não julga. A pessoa madura tem foco, ela sabe o caminho que quer seguir e sabe respeitar as diferenças porque ela compreende que o mundo é diferente.
E uma pessoa imatura?
É uma pessoa mal-educada, tem muita necessidade de autoafirmação, normalmente é uma pessoa impulsiva. Quem convive com uma pessoa imatura está sempre “pisando em ovos”, sempre com medo da forma como ela vai reagir, pois, a pessoa imatura não tem equilíbrio no dia a dia e não passa segurança.
Então como sabemos se temos maturidade ou não?
Quando somos pessoas maduras, os outros querem estar conosco porque temos ponderação, humildade e não julgamos. Você ajuda a encontrar soluções, seu foco é entender os problemas para buscar soluções, essa é a grande diferença.
O imaturo quer encontrar culpados, ele nunca é responsável por nada.
A pessoa madura assume a responsabilidade, ela não depende das emoções externas.
Ela percebe o que está acontecendo e rege os próprios sentimentos, as próprias emoções, ela tem controle, inteligência emocional. Ela encontra respostas.
Precisamos entender o que é nosso e o que é do outro em relação aos sentimentos e as emoções.
Quando atingimos a maturidade, nos acalmamos, aprendemos a respirar, aprendemos a ouvir. Na maturidade temos que aprender a ouvir para elaborar uma resposta, para elaborar uma saída daquela situação, para ajudar as coisas a se resolverem, ou seja, precisamos nos concentrar na solução e não no problema.
A pessoa madura entende que a vida tem problemas, ela entende que a vida tem altos e baixos, mas ela vai encontrar um jeito de lidar com essas questões. Ela tem problema como todo mundo, todos nós temos problemas. A grande diferença é como lidamos com esses problemas. Maturidade não significa não ficar triste, não significa que você tem que ficar feliz e alegre o tempo todo, não, a pessoa madura sofre. Mas ela sabe dimensionar o sofrimento. Diferente da pessoa imatura que é histriônica, infantil.
Você quer ser uma pessoa mais madura?
Comece definindo seus objetivos, que pessoa você quer ser.
Procure sua referência e pense em como uma pessoa madura resolveria tal situação. Assim você vai encontrando o seu próprio caminho.
Comece a ouvir a opinião dos outros, aprenda com o outro. Enfrente seus medos, assuma a responsabilidade no seu desenvolvimento, no seu crescimento.
Tenha iniciativa, postura, uma ideia, uma maneira de pensar que leve você a construir paciência, resiliência, tranquilidade. É muito necessário você fazer essa construção pessoal de si mesmo em direção à autonomia para você ser de fato dono de suas escolhas, para que você caminhe em direção aquilo que você quer.
Maturidade é uma construção diária, a cada minuto, a cada segundo, a cada dia, diariamente precisamos continuar nessa construção. Não estamos prontos nunca, nascemos inacabados, nascemos de modo a ficarmos prontos, a nos produzirmos e essa produção depende de você, de como você se posiciona. E a maturidade é isso, é um estado de crescimento e desenvolvimento.
Ual incrível essa reflexão!