Como podemos auxiliar e lidar com ansiedade na adolescência?

A reflexão sobre o tema da postagem de hoje se baseia em perguntas que tenho recebido de adolescentes e de pessoas próximas aos adolescentes.

Como lidar com a pressão familiar e a pressão perante a escolha da carreira/curso de faculdade?

Quando falamos da pressão pela escolha de uma profissão, temos que entender que ela vem de um contexto social. Temos o mundo interno (nossas emoções e sentimentos) e o mundo externo (o que está à nossa volta). A pressão familiar, social e escolar estão no ambiente externo, e ao falarmos dessas pressões estamos falando da relação com as expectativas do mundo externo a nós. 

Quando parece que o mundo externo se torna maior que o mundo interno, acabamos desestabilizando a nossa forma de nos relacionarmos com o que a vida nos apresenta. No caso aqui, a decisão de um curso universitário ou da escolha de uma profissão. 

A grande questão está no agir e reagir, a pessoa ansiosa está preocupada com o futuro e com o que vão falar dela. A base é o medo, o que desestabiliza a nossa segurança, a nossa autoestima e ao ficarmos nesse estado de insegurança começamos a nos relacionar com o mundo externo através da reação. 

Como as questões do mundo externo são dele próprio não é a sua realidade, muitas vezes você se torna um pensador do “eu imaginário”.

Assim, na relação do mundo externo com o mundo interno prestamos atenção nas exigências externas, e acabamos não nos sentindo capazes de responder essas demandas, ficamos com medo, pensamos que não vamos dar conta e estamos sempre achando algo, sempre imaginando de modo negativo. E na questão da busca de uma carreira e profissão não é diferente. 

Entendemos o mecanismo de como isso acontece, as exigências, as demandas externas e vem a próxima pergunta:

“Como podemos lidar com essa ansiedade pré-vestibular?”

Acredito que não é uma ansiedade só, é uma ansiedade em relação a várias coisas, é o final de um ciclo, o segundo grau, a separação dos amigos. Também é como se ele estivesse começando a sair da adolescência, um jovem com 18,19 anos é como se saísse da menoridade. Novas responsabilidades chegam e essa pessoa começa a ter mais demandas, outras necessidades do mundo externo e o vestibular é mais um deles e na nossa sociedade se criou a ideia de que tem que ganhar dinheiro, ser feliz, ser bem-sucedido, tem que ser aquela pessoa que entra numa faculdade e que com um curso universitário ela conseguirá arrumar um trabalho que consiga dar os ganhos financeiros para ela se dar bem na vida. 

Olha como a pressão é grande para um adolescente ouvir que na passagem do vestibular os horizontes serão ampliados, que haverá um retorno financeiro, liberdade e que ele terá independência e autonomia. Há muitas coisas envolvidas com essa decisão e a partir daqui chegamos a outra pergunta.

“Qual é a melhor opção para mim? Qual é a melhor área para eu escolher? Eu escolho física ou biologia, medicina ou engenharia, história ou direito?” 

Como temos uma pressão para fazermos uma escolha por uma profissão que seja rentável, também ouvimos que precisamos ser felizes naquilo que fazemos, que precisamos então ser bem-sucedidos na carreira. Há muitas variáveis e questões com as quais uma pessoa de 17, 18 anos tem que lidar. Será que o adolescente está pronto para essa pressão toda? Ninguém pergunta para eles. Todo mundo fala, todo mundo pergunta, contudo ninguém escuta, mais uma pressão. Aí ele vai se fechando, vai ficando com medo e como pode ter motivação?

Uma das coisas que precisamos ajudar os adolescentes, é a necessidade de encontrar o seu talento de encontrar o que ele tem facilidade, naturalidade para fazer. Se eu tenho em casa um adolescente, se eu sou um adolescente que tenho facilidade na área musical, talvez a área das artes seja o caminho. Observe e reflita sobre os seus gostos.

Tem um exercício que eu costumo sugerir é traçar a história de vida.

O que você gostava de fazer na infância? Quais eram seus heróis da infância? Quais eram os jogos e brincadeiras que você gostava?

Ao responder essas perguntas, refletimos sobre os nossos gostos e sobre aquilo que nos dá ânimo e motivação. Assim, o adolescente reflete e começa a pensar sobre suas habilidades naturais, habilidades que chamamos talento. 

E à medida que se compreende o que gosta, descobre-se o talento e fica mais acessível para se relacionar com a escolha profissional que ele tomará. Ao tornar a escolha mais natural, o grau e os níveis de ansiedade diminuem. 

Precisamos ter muita paciência, muita resiliência e tranquilidade com os nossos adolescentes para conseguirmos dar o apoio e a atenção que ele precisa. O que precisamos saber, é que é um momento delicado e vulnerável, sendo assim, precisamos criar um espaço seguro e um ambiente de apoio.

Ele precisa saber que existe um lugar em que ele será ouvido, que há diálogo e esse lugar é a casa, a família que poderá dar esse aconchego, esse abraço. 

Não é para a mãe, o pai ou o responsável cortar as asas do filho, mas é para ensinar a voar. Então, precisamos ir com calma, tateando, você com seu jeito de ser e o seu filho com o jeito de ser dele, assim você vai ajudá-lo a encontrar o próprio caminho e a caminhar com as próprias pernas.

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