Por que temos tanta dificuldade em dizer não?

Vou falar de um tema constante na vida de todos nós.

Falamos dos transtornos mentais e emocionais e sempre nos vem à mente a ideia de um transtorno de uma coisa pesada, mas por trás dessas questões, desses desequilíbrios emocionais há questões como a dificuldade de falar não.

Não conheço ninguém que não tenha se arrependido de um sim, dito quando, na verdade, queria dizer não. Muitas vezes falamos um sim e ao decidir sobre um trabalho que você não gostaria de fazer, ou um evento que você não gostaria de comparecer.

Por que aceitamos entrar nessas torturas? Por que temos um comportamento que é contra o que gostaríamos? Sabe por que você não consegue falar não e está sempre falando sim? 

Porque você nega aquilo que você está sentindo. Quando você nega o que está sentindo, você se frustra. Quando temos como base o medo, nos leva a ceder a nos calar, a raiva toma a dianteira e nos leva para o combate e assim entramos nessa relação numa postura reativa, ou seja, quando estamos numa postura reativa baseada no medo, na raiva, em emoções negativas. Aí reagimos e não agimos. 

Qual é a diferença?

O reagir é uma reação momentânea espontânea, impulsiva sem considerarmos tudo que está envolvido, por outro lado, quando você é uma pessoa educada emocionalmente, quando você dimensiona bem aquilo que você sente, você age conforme o que sente. 

Coragem, assertividade, são sentimentos positivos que te protegem de alguma forma.

O sim, quando baseado na reação ele tende a não nos agradar. O não baseado naquilo que eu acredito, nos meus valores, na minha crença, na minha coragem, ele me fortalece e  me faz naturalmente colocar um limite, nos outros ou nas circunstâncias envolvidas.

Emoção negativa leva a reação. Reação leva a tomarmos decisões impulsivas, muitas vezes não baseadas naquilo que gostaríamos. 

Precisamos começar a pensar que como agimos está diretamente ligado a qual é o seu nível de segurança, de autoconfiança.

Falo sim, porque quero agradar o outro. Você agrada o outro, mas você fica no desagrado. Então o que temos que tomar cuidado aqui, é que você falar não, essa autenticidade, não deve ser confundida com arrogância, com braveza, com irritação, essa percepção está muito ligada a como você  apresenta esse não. Não precisamos agradar todo mundo o tempo todo, não temos que tomar nossas decisões porque queremos parecer legais, as pessoas tem que gostar da gente pelo que somos, se a pessoa gosta de você ela vai entender.

Às vezes falamos sim, por alguns medos como:

Medo de não ser aceite: se eu falar não, não vão me chamar para os eventos, as festas. Precisamos ser aceites por quem nós somos, não pelo que fazemos para agradar os outros. Seja aceite por você, aceite você as suas condições. E isso pode ser apresentado de uma maneira muito tranquila, natural e as pessoas vão se acostumar com os seus nãos. No começo pode sair meio estranho, porque você não está acostumado. 

Medo de passar vergonha: aquela pessoa que fala sim para tudo porque ela não quer passar vergonha e ser excluída do grupo, acabamos aceitando as coisas não pelos nossos valores, mas por aquilo que acreditamos que vai fazer com que as pessoas gostem de nós. Temos que ser gostados, mas a partir de quem somos, não a partir de quem as pessoas querem que sejamos.

Vamos colocar autenticidade em quem nós somos e, nessa altura vamos atrair pessoas que gostem de nós do jeito que somos e não o contrário, não porque fazemos determinada coisa, isso é conveniência.

Outro aspecto é: por que algumas pessoas falam sim?

A pessoa quer sentir insubstituível, porque além de ser aceite ela pensa que não vão poder substituí-la no processo. Mas lá, no fundo, há angústia, mágoa, tristeza.

Também há aquela pessoa que está falando sim, o tempo todo porque quer sentir amada, quer ser aceite, ela quer experienciar o amor das pessoas. No dia que ela fala um não, parece uma aberração, parece uma grosseria. Também há pessoas que falam sim para se sentirem poderosas, basta um pequeno elogio que a pessoa cai na armadilha, ela julga ser poderosa ao ser elogiada.

Há pessoas que querem se sentir no centro das atenções, e o resultado é o se sentir sobrecarregado, ao assumir mais coisas do que dá conta. 

Quando não somos educados emocionalmente, os mecanismos fazem com que reagimos de modo a atender as necessidades dos outros e não consideramos aquilo que queremos fazer.

Como dizer sim e não verdadeiros, autênticos?

Cada não que você diz para o outro, você diz um sim para você.

Como produzir crenças positivas a partir de nós mesmos?

Toda crença gera um comportamento, todo comportamento gera um resultado e todo resultado retroalimenta a crença.

Toda vez que você disser um sim, que te trouxe angústia e não te deixou satisfeito, procure identificar qual crença que te fez dizer sim. Quando você descobrir a crença, pode dar novos sentidos para ela, assim você muda o comportamento e encontra novos resultados.

Dizer não é um direito seu, analisa, verifica, compreenda, o que realmente te deixa bem e o que te deixa confortável. Descobriu, agora pensa o que não é legal, o que não te deixa confortável, a partir desses dois momentos você consegue dizer um sim e um não com convicção, sempre procure compreender o que te faz bem e o que não te faz bem, a partir daí você toma decisão.

Seja resoluto, pontual, específico. Você tem uma coisa para fazer, identifica o que você quer fazer e recuse educadamente. Não precisa dar muita explicação. Pare de desculpa, não fique criando histórias para sustentar o que você está sentindo. Vamos nos colocar em primeiro plano, em uma postura de que você quer seguir aquilo que está sentindo.

Tenha responsabilidade com o outro, seja educado emocionalmente. Uma reflexão que a minha esposa me passou é a seguinte: amizade tem que ser livre, relacionamento tem que ser livre. Livre de julgamento, livre de preconceito, livre para você ser liberto.

Pratique a autoconfiança. É essencial para você proteger quem você é. E assim temos uma firmeza em nossas decisões. Comece a aplicar isso já, não perca tempo, faça.

A qualidade do seu tempo depende da sua visão de mundo e de como você pensa o seu entorno. Não entre no “eu imaginário” de que você precisa ser aceite. A vida é feita de posicionamentos, posicione-se a partir do que você acredita. Posicione-se gradualmente, tenha convicção, aprenda a dizer não sem retroceder.

É treino, tenta uma vez, tenta outra, no começo sai um pouco atrapalhado, mas vai dar certo. E você vai prestando atenção como seu comportamento vai se determinando, os resultados que vão aparecendo e assim você retroalimenta as crenças positivas.

Analise, compreenda, saiba quais são os reais motivos pelos quais você não consegue falar não. Quando você identificar isso, tome uma atitude, a partir de você, de quem você é, não do que o mundo quer que você seja. Tome essa decisão a partir de você.  

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