A adolescência é uma fase da vida extremamente importante, porém muito confusa, tanto para os adolescentes como para os pais ou responsáveis. Esta fase possui mudanças abrangentes nos aspectos fisiológicos e sociais, vivenciadas por cada indivíduo de maneira única. Neste momento da vida, uma infinidade de novos estímulos surgem, trazendo muitas dúvidas, receios e variações de humor. Para o adolescente, em sua agenda social, suas experiências acontecem diretamente em três ambientes:
1. Vida familiar, que diz respeitos às relações com os pais, irmãos e parentes próximos.
2. Vida social, que se refere à escola, amigos, professores.
3. Vida afetiva, momento que surgem os primeiros romances e a vida sexual.
A partir do recorte de cada uma destas áreas, podemos pensar em como o ser humano nasce dependente e, em sua caminhada, vai em direção à sua independência. Este processo, denominado “heteronomia”, compreende, especialmente, a infância e adolescência, no qual o indivíduo passa do controle externo ao autocontrole. O controle externo, normalmente exercido por adultos próximos, deveria preparar o adolescente para uma identidade livre e autônoma.
Esse descolamento familiar deveria ser estimulado para que o sujeito encontre seu espaço existencial em suas próprias contradições. Porém, o que se percebe é, em alguns casos, um paradoxo, no qual se espera o desenvolvimento de independência do indivíduo, mas o mesmo é estimulado à permanência dos laços familiares dependentes. E, aqui, se inicia um ambiente com potencial conflituoso, uma vez que as necessidades adolescentes, as expectativas dos pais e o espaço escolar se colidem de forma caótica.
A partir deste contexto, estratégias de abordagem e manejo podem ser estabelecidas, de acordo com as necessidades e possibilidades dos envolvidos.
Sabendo-se da complexidade da fase da adolescência, estratégias precisam ser elaboradas para que o processo seja conduzido o melhor possível.
* Criar um ambiente acolhedor e seguro
Ambientes estáveis tendem a possibilitar o desenvolvimento de relações estáveis, ou seja, o adolescente em todas as suas contradições precisa saber e confiar que ele está inserido em um ambiente de escuta e compreensão, no qual ele se sinta seguro e aceito e que ele entenda o papel de seus cuidadores e o seu.
* Proporcionar apoio emocional
Tanto fisiologicamente como emocionalmente há um turbilhão de sentimentos e emoções, muitas vezes desconhecidos, sentidos pela primeira vez, que precisam ser acolhidos para que ele possa vivenciar suas angústias sabendo que pode contar com os adultos a sua volta.
* Possibilitar o diálogo
Uma das grandes dificuldades do adolescente é expressar-se e, por vários motivos, falar sobre si e sobre o que sente é um desafio; por isso, espaços de diálogo são fundamentais. Os adultos precisam ter estratégias de aproximação para promoção de conversas francas que esclareçam as dúvidas e anseios do adolescente.
* Respeitar a subjetividade
Há relatos de adolescentes que não se sentem pertencentes à família, pois não têm direito à fala, nem à participação nas decisões familiares e de reflexões. Se queremos indivíduos autônomos, logo, precisamos considerar suas ideias e reflexões.
* Disponibilizar cuidados
Educar é ter disposição de entregar-se ao outro, é cuidar do indivíduo para que ele tenha condições de acessar suas potencialidades.
* Apresentar limites
Limites são necessários; em sua potencialidade, algumas vezes o adolescente se perde em sua própria energia, portanto, “apresentar-lhes limites não é cortar suas asas, mas sim ensiná-los a voar”, até que ele tenha segurança para tomar boas decisões.
Ambientes familiares estáveis tenderão a criar um ambiente de apoio, de compreensão e de confiança, no qual as alterações serão recebidas com naturalidade.
Até a próxima e fiquem bem!