Na clínica não trabalho com atendimento de crianças, por opção profissional, no entanto, sei que as ligações e tramas produzidas nas relações entre adultos e crianças podem ser potencializadoras ou castradoras. Relações potencializadoras estão relacionadas a estímulos que levam o indivíduo a ser quem ele é. Já, em um modelo de educação castradora, alguns adultos desejam que a criança tenha o comportamento que eles acreditam que seja o correto, mas a relação é disfuncional e pode levar à formação de adultos vulneráveis, inseguros, com baixa autoestima, que desenvolvem comportamentos ansiosos, agressivos, entre outros.
Vejamos alguns exemplos:
“Fica quieto, não vê que estou ocupado?”
A criança precisa ser ensinada; explicar que há momentos em que não podemos atendê-la e, assim que possível, falaremos com ela. Acolhendo e, simultaneamente, mostrando limites, demonstrando uma educação acolhedora.
“Você nunca faz nada certo, quando vai crescer?”
Quando o foco está nos erros e os acertos da criança não são valorizados, não compreendendo o processo de desenvolvimento infantil, possivelmente teremos uma criança frustrada e sem motivação.
“Você não vai ser ninguém na vida se continuar se comportando assim, estou falando isso para o seu bem.”
Colocar a culpa na criança por um processo que ela desconhece e precisa ser orientada, vai levá-la ao medo e a insegurança. Neste caso, há a necessidade de fortalecer os acertos e gradualmente ir apresentando desafios maiores.
“Você nunca aprende, deixa que eu faço para você.”
Mais um exemplo de como responsabilizar a criança, e ainda, tirar a segurança e a motivação dela.
Educar exige dedicação e paciência. Esforços que garantirão um lugar seguro em que a criança possa sentir confiança para se desenvolver e se arriscar, favorecendo o ambiente para formação de um adolescente com uma boa autoestima e, por consequência, um adulto seguro capaz de lidar com suas questões existenciais e tomar boas decisões.